BPC Negado por Renda Acima do Limite: Saiba Como Reverter a Decisão do INSS

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Teve seu BPC negado porque a renda familiar ultrapassou o limite exigido pelo INSS? Essa é uma das razões mais comuns de indeferimento do Benefício de Prestação Continuada, mas a boa notícia é que nem sempre essa negativa é definitiva. Neste artigo, você entenderá os requisitos do BPC/LOAS, como o INSS calcula a renda, quais valores podem ser desconsiderados e, principalmente, como é possível reverter um BPC negado — inclusive judicialmente.

O que é o BPC/LOAS?

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), garante o pagamento de um salário mínimo mensal à pessoa idosa com 65 anos ou mais e à pessoa com deficiência que comprove não possuir meios de prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua família.

Por se tratar de benefício assistencial, sua concessão independe de contribuições ao INSS.

Quem tem direito ao benefício assistencial?

Além de se enquadrar em uma das categorias (idoso ou pessoa com deficiência), o requerente deve cumprir os seguintes critérios:

  • Ser brasileiro nato, naturalizado ou estrangeiro com residência fixa no Brasil;
  • Estar com o Cadastro Único (CadÚnico) devidamente atualizado;
  • Comprovar a deficiência, quando for o caso, por meio de laudos médicos e avaliação social;
  • Demonstrar situação de vulnerabilidade social;
  • Possuir renda familiar mensal per capita igual ou inferior a 1⁄4 do salário mínimo vigente.

Com base no salário mínimo de R$ 1.518,00 em 2025, o limite de renda per capita é de R$ 379,50.

Como o INSS avalia a renda familiar

A renda é calculada com base na composição do grupo familiar, conforme previsto no § 1o do art. 20 da Lei no 8.742/93. São considerados integrantes:

  • Requerente;
  • Cônjuge ou companheiro;
  • Pais, madrasta ou padrasto (na ausência de um dos pais);
  • Irmãos solteiros;
  • Filhos e enteados solteiros;
  • Menores tutelados.Parentes como avós, tios, sobrinhos ou outros familiares, ainda que residam no mesmo imóvel, não compõem o grupo familiar para fins do BPC.Exemplo prático:Uma família com quatro integrantes e renda total de R$ 2.000,00 terá uma renda per capita de R$ 500,00. Como o valor ultrapassa os R$ 379,50, o pedido tende a ser indeferido pelo INSS, salvo quando demonstradas situações que autorizem a flexibilização do critério econômico.
    Quando o BPC pode ser negado por renda?

    O indeferimento ocorre quando, no entendimento do INSS, a renda mensal por pessoa ultrapassa o limite de 1⁄4 do salário mínimo. No entanto, essa regra não é absoluta.

    Em muitos casos, o órgão previdenciário deixa de considerar gastos essenciais ou benefícios isentos, o que gera indeferimentos injustos e passíveis de revisão.

Assim, mesmo que o BPC tenha sido negado, ainda pode haver direito à concessão — especialmente por via judicial.

É possível conseguir o BPC negado judicialmente?

Sim. A reversão do BPC negado é perfeitamente viável quando há demonstração de que, apesar da renda formal, o grupo familiar encontra-se em condição de risco social, fragilidade econômica ou dependência de cuidados específicos.

Além disso, valores como os abaixo podem ser desconsiderados do cálculo da renda:

• Gastos com medicamentos contínuos;

• Despesas com fraldas, consultas, exames e tratamentos;

• Alimentação especial ou uso de equipamentos médicos;

• Recebimento de Bolsa Família ou benefícios assistenciais até 1 salário mínimo;

• Remunerações de programas de aprendizagem ou bolsas de estágio.
Após a exclusão de tais despesas, a renda per capita pode ser reduzida, permitindo

o enquadramento no critério legal.

O entendimento dos Tribunais Superiores

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem posição consolidada no sentido de que o critério da renda familiar per capita não pode ser aplicado de forma isolada e inflexível. Segundo a jurisprudência, deve-se considerar o conjunto probatório e as peculiaridades da situação vivida pelo requerente.

O Supremo Tribunal Federal (STF) também já decidiu que a limitação econômica prevista na legislação não é absoluta, sendo necessária a análise do caso concreto, sob pena de se violar o princípio da dignidade da pessoa humana. A

Corte reconhece que o valor fixado como limite de renda é meramente indicativo, devendo ser relativizado diante de situações de evidente vulnerabilidade.

Portanto, ainda que o benefício tenha sido negado administrativamente, os tribunais vêm reconhecendo o direito à concessão do BPC em diversas situações, principalmente quando devidamente fundamentadas por relatórios sociais, laudos médicos e demais provas da condição socioeconômica.

O que fazer após o indeferimento do BPC

Se o seu BPC foi negado pelo INSS, especialmente em razão do limite de renda, é altamente recomendável buscar o auxílio de um advogado especialista em Direito Previdenciário.

O Escritório Gandra & Gandra | Advogados atua de forma técnica, sensível e comprometida com a garantia dos direitos sociais. Nossa equipe está preparada para:

  • Avaliar os documentos que comprovam a real situação da família;
  • Apontar os valores que podem ser desconsiderados do cálculo da renda;
  • Ingressar com recurso administrativo ou ação judicial;
  • Solicitar o pagamento retroativo do benefício, desde a data do primeiro requerimento, quando cabível.
Conclusão: Mesmo com renda acima, você pode ter direito

O fato de o grupo familiar ultrapassar o limite de 1⁄4 do salário mínimo, atualmente fixado em R$ 379,50 com base no mínimo de R$ 1.518,00, não afasta automaticamente o direito ao BPC/LOAS. O ordenamento jurídico brasileiro prevê a possibilidade de flexibilização, especialmente quando comprovadas despesas essenciais, deficiência grave ou risco social.

A interpretação judicial tem priorizado a análise individualizada da realidade vivida pelo requerente, respeitando os princípios da dignidade, solidariedade e proteção social.

Se você teve o BPC negado por renda acima do permitido, entre em contato com nossa equipe para uma avaliação técnica do seu caso. Atuamos com seriedade e responsabilidade para buscar a justiça social que você e sua família merecem.

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